Sigo em busca de um verso que me salve. Sigo sem solução. Busco canções, vídeos, graça. A alma às vezes me falta - ou será que falto eu à alma ? Corro demais - ou será que corro em pensamento, enquanto deixo ao léu, ao vento, as verdades que me acolhem ? Olha, e como doem.
Sou eu, meu pensamento, e só. Escuro, mais do que a noite, estamos nós, meus livros, eu, minha estante. Nessa hora, desisto: não quero mais ser Bach, não quero ser Jimmy Hendrix. Mas sei que isso passa e voltarei a desejar ser maior do que o mundo, embora não saiba medi-lo nem da porta de casa pra dentro.
Talvez, se tivesses atendido ao meu pedido, esse texto amargo não me saísse.
Talvez, se saísses como eu desejo, esse texto não pediria para existir, existindo para além de mim, de minha mão, de meus versos, além mar.
São nove e meia e podia ser São Vicente. São estrelas cadentes e poderiam ser decadentes postos de gasolina na beira da estrada. São peixes, são notórios doutores. São saberes. Sabem à sombra e à infância. São focos, luz, são Francisco, Caio, Arthur - e eu, o que sou ? Sou nada. Minha vida inteira é gaga.
Há salada na geladeira. É, eu sei, eu tenho a vida inteira. Mas a vida inteira passa. Olho pra tela sem graça: me olham Hendrix e Bach.
Como os credito ?
Artistas por Deus gentilmente cedidos ?
mas não teriam sido eles a me ceder Deus ?
Paro um instante entre o fracasso e a ressaca: viver não quer dizer nada. Não somos mais do que fomos. Emaranhado de dores, arame farpado de amores, desilusões em cardume, amostra grátis do cosmos.
Sou eu, meu pensamento, e só. Escuro, mais do que a noite, estamos nós, meus livros, eu, minha estante. Nessa hora, desisto: não quero mais ser Bach, não quero ser Jimmy Hendrix. Mas sei que isso passa e voltarei a desejar ser maior do que o mundo, embora não saiba medi-lo nem da porta de casa pra dentro.
Talvez, se tivesses atendido ao meu pedido, esse texto amargo não me saísse.
Talvez, se saísses como eu desejo, esse texto não pediria para existir, existindo para além de mim, de minha mão, de meus versos, além mar.
São nove e meia e podia ser São Vicente. São estrelas cadentes e poderiam ser decadentes postos de gasolina na beira da estrada. São peixes, são notórios doutores. São saberes. Sabem à sombra e à infância. São focos, luz, são Francisco, Caio, Arthur - e eu, o que sou ? Sou nada. Minha vida inteira é gaga.
Há salada na geladeira. É, eu sei, eu tenho a vida inteira. Mas a vida inteira passa. Olho pra tela sem graça: me olham Hendrix e Bach.
Como os credito ?
Artistas por Deus gentilmente cedidos ?
mas não teriam sido eles a me ceder Deus ?
Paro um instante entre o fracasso e a ressaca: viver não quer dizer nada. Não somos mais do que fomos. Emaranhado de dores, arame farpado de amores, desilusões em cardume, amostra grátis do cosmos.