quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Para Clodoaldo, também sobredito o Rômulo

Canção dos Largos


Eu ando em busca da canção perfeita

para aplacar essa desfeita que você me fez

Talvez eu a encontre no Largo de São Francisco

numa banca do bicho mais pro fim do mês

nas orações dos crentes no Largo de São José

no Largo do Machado ou em Trafalgar Square

Eu vou para o convento do Largo da Carioca

ou para Ibitipoca, largo essa mulher!


Eu ando em dúvidas a teu respeito,

eu já não sei se foi desprezo, despreparo ou despeito

Eu ando a passos rápidos pela cidade,

não sei se foi maldade ou foi desamor

Meu coração que é largo feito o infinito

agora afoga um grito de tristeza e dor


Que isso vai passar eu sei,

mas a angústia é saber-se uma pluma a mercê do vento

Se eu vejo o tempo como um trem veloz,

tento ancalçá-lo mas ele não cede

Se faço dele um carro-de-boi,

tento ir em frente mas ele me segue


É como uma canção, que sai de parto normal

Ou como a respiração,

quando a gente lhe presta atenção, ela deixa de ser natural


Talvez não haja uma canção perfeita,

talvez não tenha uma receita pra esse dissabor

Talvez quando eu me encontre no Largo do Boticário

ao ser destinatário de um novo amor

eu deixe de querer curar essa ferida

eu largue dessa história pra entrar pra vida


Que é como canastra suja,

ou como o som do vinil

A beleza que há nos erros,

quaresmeiras que ficam nos cerros

muitos meses depois de abril

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